No ano de 2010, em meio a uma tempestade, na fria cidade de Passo Fundo/RS, a química industrial Maria Luisa Camozatto refletiu sobre uma forma de auxiliar famílias em cujas casas as frestas permitiam a entrada de chuva, vento e frio. A partir dessa motivação, Maria Luisa pensou em revestir as residências vulneráveis de sua cidade com caixas de leite, um material em geral descartado inadequadamente e que é térmico. Surgia o Brasil Sem Frestas, coletando embalagens Tetra Pak para revestir as paredes de casas de madeira. O resultado foi tão importante, trazendo conforto térmico e melhoria visual das casas que foi chamando a atenção da comunidade. Maria Luisa foi convidada a falar em eventos, em programas de televisão e assim, recebeu voluntários para ajudar e divulgou a iniciativa para outras cidades.

Na cidade de Porto Alegre /RS, no mês de abril de 2021, assistindo a uma reportagem sobre a falta de alimentos em decorrência da pandemia, Carla Elisabeth Stelter viu a moradora da Ilha da Pintada mostrando a geladeira vazia, porém o que mais lhe chamou a atenção foram as frestas enormes na parede da cozinha humilde. A angústia de  imaginar o frio que a moradora e as crianças passariam no inverno gelado que se aproximava foi o suficiente para lembrar do projeto nascido em Passo Fundo. No dia seguinte conseguiu o contato da  criadora do projeto Brasil Sem Frestas e, com as informações prontamente repassadas por Maria Luisa, Carla apresentou o projeto ao grupo de estudos ambientais na SECAP (Sociedade Espírita Cristo Amor e Paz), de onde saíram os primeiros voluntários. A esse grupo uniu-se Ivanir da Silva, que havia voluntariado no BSF em Passo Fundo e, com placas fornecidas por Maria Luisa, foi revestida a primeira casa, na comunidade Vida Nova, na Restinga. O que era para ser o revestimento de uma casa, com esse grupo de amigos, evoluiu, e em 07 de julho de 2023 passou a ser a Associação Brasil Sem Frestas Porto Alegre, composta por muitos voluntários imbuídos desse sonho, o de tornar mais digna a vida de famílias vivendo em casas tão precárias.